O agronegócio é um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira em termos de produtividade, crescimento e geração de renda. Nesse âmbito, ele tem mostrado um desenvolvimento a uma taxa superior em relação a outros ramos da economia brasileira.
Segundo o professor e especialista em economia, Humberto Spolador, além de se apresentar como um setor de alta tecnologia, o agronegócio contribui para a geração de emprego e renda em outras atividades econômicas como, por exemplo, na indústria de máquinas, que tem parte de sua produção voltada para o campo ou, ainda, a indústria farmacêutica, que produz medicações e vacinas para a produção animal.
“Vimos que 2018 foi um ano difícil para o setor, mas ao observar a série histórica, existem algumas oscilações pontuais, nas quais a média de crescimento ao longo do tempo ainda seguiu superior ao crescimento médio da economia brasileira”, pontua. Em 2017, contudo, ele ressalta que a atividade agropecuária obteve um crescimento de 13%, sendo esta apenas uma das atividades que compõem o setor.
Carlos Bacha, também especializado em economia e professor de cursos voltados ao agro, indica dois pontos a serem observados no agronegócio brasileiro em 2019, sendo um de dimensão interior e o outro exterior. “O primeiro será a taxa de câmbio, que influencia na remuneração do exportador e do produtor além de pressionar a área de insumos e uma série de custos com produção. A taxa de câmbio está relativamente alta este ano”, avalia.
Política nacional
As recentes mudanças na estrutura política brasileira, com a eleição de um novo governo de direita, será um importante ponto de transformações. Bacha explica que as pressões ambientais e invasões de terras diminuirão, enquanto que a produção não estará limitada ao que é chamado de políticas de rendas.
“Portanto, se a taxa de câmbio surge como uma ameaça interna, a produção e exportação serão elevadas de forma positivas conforme os preços internacionais se mantiverem constantes”, observa.
O acadêmico indica ainda que a perspectiva para 2019 é uma redução na taxa de câmbio. Isso significa diminuição de rentabilidade para o exportador, que ganhará o um valor em dólar, mas que, convertido em reais, tem um preço relativamente mais baixo em relação a um produto vendido em melhores cotações. Esse comportamento se distribuirá ao longo da cadeia de produção do agronegócio.
“Mas devemos lembrar que o agronegócio, em uma taxa de câmbio de $ 3,40, é muito rentável. Então não teremos uma redução de ganhos no setor a não ser que os preços caiam a nível internacional”, completa.
Desempenho
Do ponto de vista interno, Bacha informa que a produção nacional será muito bem estimulada por um novo governo. “Essa administração deverá manter os estímulos atuais aos campos de pesquisa e extensão, porque a inflação não está necessariamente pressionando para que esses pontos sejam interrompidos”, comenta.
O professor adverte que a cadeia do agronegócio brasileiro envolve diversos tipos de segmentos e alguns sofrem diretamente com a cotação internacional. A atual queda do preço do açúcar e do álcool – que acompanha as quedas de preço do petróleo – dificulta o crescimento desse setor no mercado externo, por exemplo. Isso relacionado também a diminuição no consumo de seus subprodutos.
Por outro lado, o mercado de soja e celulose são os que estão em constante crescimento, devendo continuar em ascensão durante 2019 e tornando o Brasil uma referência ainda mais forte nas duas frentes. “Temos uma variação de cenários conforme a análise de cada produto justamente porque o Brasil tem uma gama bem grande de produção. Continuaremos sim a crescer nossa produção e colocar o produto brasileiro cada vez mais à disposição do consumidor externo”, conclui.
O desempenho do agronegócio dependerá ainda dos preços e de boa parte dos valores relevantes formados no mercado internacional. Além disso, os indicadores sugerem que a economia brasileira terá um melhor desempenho em 2019 comparado ao mesmo período do ano anterior. “Isso dentro de uma expectativa mais macro da economia, já que é provável que todos os setores se beneficiem dessa conjuntura”, ressalta Spolador.
Segundo as projeções do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado pelo IBGE (https://agenciadenoticias.ibge.gov.br), neste ano a produção de grãos deve ser 3,1% maior do que foi em 2018, sendo a segunda maior safra desde 1975. A maior produção de grãos registrada ocorreu em 2017.
Com papel de grande importância no comércio exterior, o agronegócio brasileiro caminha para novas dimensões. Em dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de 30% a 40% do que o país exporta está relacionado ao setor. “Essa é outra contribuição importante do agro para o crescimento econômico do país neste ano”, finaliza o professor.
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