A produção de cana-de-açúcar passa por várias etapas, o que torna a administração do processo um tanto quanto complexa. A gestão do sistema mecanizado, ou seja, das máquinas que fazem boa parte do trabalho, deve ser feita com atenção para evitar perdas no futuro, já que o investimento normalmente é muito alto.
Gerir esse sistema passa por todas as etapas de produção até chegar à colheita. O produtor deve saber o número e o tipo de maquinário que vai precisar para conseguir produzir a quantidade de cana no período determinado. Parece um cálculo complexo, mas é possível resolvê-lo no Excel.
“Ele precisa saber as máquinas precisa para atender o que vai fazer e quanto isso vai custar. Dá para trabalhar de maneira prática, colocando os conceitos no Excel. Por exemplo, quantas máquinas vou precisar para a pulverização, quantas para a colheita, etc.”, esclarece João Rosa, professor da Plataforma Solution. Isso tudo também é importante para prever o orçamento necessário de todo o processo.
De acordo com ele, é preciso cruzar as informações técnicas da máquina com a quantidade de mão de obra, o tempo disponível para produzir, entre outras. “Depois aplico conceitos econômicos de custo fixo, custo variável e custo operacional para saber uma estimativa de valor final”, explica.
Três etapas
A gestão do sistema mecanizado é muito importante para prever eventuais problemas durante a safra. Para conseguir calcular, são necessárias três etapas. “A gente começa determinando o ritmo operacional. Ele varia em função de jornada de trabalho, probabilidade de chuva e uma série de outros fatores.”
Resumidamente, o ritmo operacional determina o quanto o produtor deve fazer para atender o planejamento. Depois, é preciso determinar a capacidade operacional, que diz o quanto consegue fazer com o que tem. “É a velocidade de trabalho da máquina, a largura de trabalho e a eficiência de campo”, afirma.
Isso deve ser calculado principalmente porque o maquinário não consegue funcionar em tempo integral, pois precisa parar para abastecer, fazer manobras, eventuais reparos, entre outros imprevistos.
A última etapa é o cálculo do investimento, que precisa ser feito para atender a sua demanda. Essa conta deve conter os custos que são fixos e variáveis.
Fixo x variável
O custo fixo inclui os juros, alojamento, seguros, taxas e a depreciação do maquinário. “Que é quanto eu perco da máquina, em termos de valor, ao longo da vida dela. É semelhante a comprar um carro. Quando sai da concessionária, ele já perde valor”, relaciona.
Já os custos variáveis incluem, por exemplo, o consumo médio de um trator com base em estimativas que já existem, mais o custo de reparo e manutenção, etc. “Então a gestão do sistema mecanizado é isso. Tenho um planejamento e vou seguindo e verificando se está de acordo com o que eu calculei”, define Rosa.
Importância
Mas por que você deve entender pelo menos um pouco desses cálculos? Não é mais fácil só “ir levando” e ver no que dá? Obviamente você pode fazer isso, mas, segundo o professor, não é aconselhável pelo alto risco de prejuízos.
“O investimento que você faz em maquinário é elevado. Cada cavalo de um trator custa cerca de R$ 1 mil. Um desses pequenos tem em torno de 100 cavalos. Já uma colhedora de cana está na faixa de R$ 1 milhão”, diz. “Então esse ‘negócio’ de planejamento dá um horizonte de quanto você vai precisar investir”, completa.
A gestão do sistema mecanizado é uma boa parte do processo de produção de cana. Entender quais serão os custos disso faz com que o produtor tenha um domínio das informações para uma tomada de decisões mais consciente. Também facilita caso seja preciso reduzir o cultivo.
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