Entenda como a IA redefine a Nova Economia e quais habilidades serão essenciais, segundo o professor Anderson Pellegrino, referência no tema.
Vivemos um momento histórico em que a tecnologia deixou de ser apenas uma ferramenta de eficiência para se tornar uma força transformadora da economia, dos negócios e das relações humanas. Essa transição dá origem ao que muitos especialistas chamam de Nova Economia: um ecossistema em que inovação, propósito e impacto caminham lado a lado.
Para compreender os contornos dessa nova era, conversamos com Anderson Pellegrino, professor da Plataforma Solution, docente do MBA USP/Esalq, doutor em Desenvolvimento Econômico e sócio-diretor da LAP Comportamento Econômico. Com uma visão sistêmica e profunda, ele compartilha reflexões sobre o papel da Inteligência Artificial (IA) na Nova Economia e os caminhos que profissionais e empresas precisam trilhar para prosperar.
O que é a Nova Economia?
De forma ampla, a Nova Economia pode ser entendida como a transição de um modelo baseado exclusivamente na eficiência operacional e no crescimento financeiro para um paradigma mais integrado, digital e humano. Ela conecta inovação tecnológica, sustentabilidade e propósito, redefinindo o que significa ter sucesso nos negócios.
“A Nova Economia é um movimento vivo. Ela surge da interseção entre tecnologia, consciência social e novas formas de criar valor.” — Anderson Pellegrino
Os pilares da Nova Economia incluem:
- Transformação digital acelerada: uso intensivo de IA, big data, blockchain e outras tecnologias para redesenhar processos e modelos de negócio.
- Propósito como diferencial competitivo: empresas que buscam impacto positivo para clientes, colaboradores e sociedade, não apenas lucro.
- Valorização de experiências: foco em criar jornadas de consumo personalizadas, éticas e com significado.
- Economia colaborativa e de plataformas: novos modelos que trocam a lógica da posse pela lógica do acesso, integrando redes e comunidades.
Pellegrino destaca que compreender a Nova Economia não é apenas estudar tecnologias emergentes, mas entender como elas interagem com fatores culturais, éticos e ambientais:
“Mais do que aprender sobre ferramentas, precisamos aprender a pensar com consciência sobre o futuro que estamos construindo com elas.”
A IA como amplificadora de inteligência, propósito e impacto
Segundo Pellegrino, a IA não é um fim, mas um meio. Seu valor real está em amplificar a inteligência humana, potencializando decisões, experiências e resultados:
“O uso estratégico da IA depende menos do que a tecnologia pode fazer e mais de como decidimos usá-la, integrando inteligência artificial com inteligência contextual, emocional e ética.”
Para integrar a IA à Nova Economia, ele defende três posturas centrais:
- Visão sistêmica: enxergar como a IA transforma modelos de negócio e cadeias de valor, considerando impactos sociais e ambientais.
- Curadoria crítica: definir os limites entre automação e decisões que devem permanecer humanas.
- Alinhamento com propósito: usar a tecnologia de forma ética, em sintonia com agendas ESG e construção de valor sustentável.
Como a IA influencia o comportamento do consumidor
A IA personaliza experiências, ajusta preços, prevê preferências e redesenha jornadas de compra. Para o consumidor, isso pode significar conveniência e relevância. Mas há riscos:
“Os limites entre persuasão e manipulação são tênues. Influenciar escolhas sempre carrega decisões morais e grande responsabilidade social.”
Ele alerta que empresas precisam adotar ética e transparência no uso de dados e algoritmos para que o benefício seja real e não exploratório.
O profissional da Nova Economia
A Nova Economia exige profissionais híbridos, que conectem tecnologia, estratégia e propósito. Pellegrino aponta três perfis essenciais:
- Especialistas em IA para negócios: traduzindo dados em resultados com impacto social e ambiental positivo.
- Designers de Experiência: criando jornadas do consumidor com ética e significado.
- Líderes sistêmicos: que combinam inteligência emocional, visão estratégica e propósito claro.
Estamos preparados para a era da IA?
“Ainda não. A IA avança mais rápido do que nossa capacidade institucional, regulatória e social de compreendê-la.”
No Brasil, ele aponta três desafios urgentes:
- Déficit de letramento digital: grande parte da população ainda não domina o básico do ambiente digital.
- Desigualdade no acesso: falta de infraestrutura e inclusão tecnológica.
- Risco de desemprego estrutural: funções sendo substituídas sem requalificação proporcional.
A resposta? Educação e cidadania digital não apenas como medidas paliativas, mas como base para um futuro mais justo e inclusivo.
IA nos bastidores: as decisões invisíveis
A IA já molda decisões econômicas em áreas que a maioria das pessoas não percebe:
- Precificação dinâmica: preços ajustados em tempo real de acordo com perfis e contexto.
- Gestão de cadeias de suprimentos: otimização logística para reduzir custos e ampliar eficiência.
- Modelagem preditiva: simulação de cenários para decisões empresariais e políticas públicas.
Muitas dessas decisões ocorrem sem mediação humana direta, mostrando o quanto a IA já governa processos invisíveis.
Economia compartilhada: pessoas ou dados?
Originalmente voltada a conectar pessoas e otimizar ativos, a economia compartilhada hoje é movida por dados e algoritmos. Plataformas utilizam IA para prever demandas, ajustar preços e orquestrar interações, o que amplia a eficiência, mas também levanta novas discussões sobre governança e privacidade.
“Ainda entendo que são as pessoas as coautoras do valor gerado no ecossistema formado por uma plataforma.”
Mais do que nunca, o desafio da Nova Economia não é apenas tecnológico é humano. O verdadeiro progresso não está na velocidade com que adotamos ferramentas, mas na profundidade com que entendemos seus impactos.
“A direção e o sentido do trabalho continuam sendo essencialmente humanos.” — Anderson Pellegrino
Para profissionais e empresas, a lição é clara: a IA pode ser um vetor poderoso de transformação, desde que usada com consciência, ética e propósito.
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