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Acabe com o mito da criatividade ser um dom para poucos

  • Autor:Ana Rízia Caldeira Dos Santos

  • Publicado em 17 Dez 2020

  • 6 minutos de leitura

“Não nasci criativo”, “Criatividade não é para mim” e “Admiro quem é criativo, pena que não sou”.

Afirmações como essas são normais para grande parte das pessoas e em todas elas existe o grande mito de que a criatividade é um dom para os geniais, grupo do qual, seguramente, não fazem parte.

Ao contrário do que se pensa, a criatividade não é uma competência exclusiva de um grupo de gênios, tampouco só se manifesta em pessoas com uma inteligência acima da média. A inteligência, na verdade, contribui para o exercício da criatividade, mas não é condição para que ele aconteça.

Então por que não consigo ser criativo?

Talvez seja porque você ainda cultiva a crença restritiva de que a criatividade é um dom e não um talento e, sendo dom, dificilmente irá desenvolvê-lo.

Saiba que a criatividade é espontânea nos artistas, geniais, inventivos, mas pode ser desenvolvida em qualquer pessoa, pois é uma aptidão natural de todo ser humano.  

“Todo mundo é potencialmente criativo e muitos usam essa habilidade até de forma inconsciente. Ela é uma maneira de resolver problemas e gerar ideias para sair de situações ou impasses. Portanto, a criatividade faz parte do nosso dia a dia, uma vez que somos seres dinâmicos e ficamos frustrados ao empacar diante de um problema”, explica Fátima Jinnyat, professora do curso de Criatividade, da Plataforma Solution.

Se você se pergunta o que mais dá para saber sobre essa habilidade, a professora contou um pouco mais sobre ela para o nosso Blog. Confira.

Problemas iguais, ideias diferentes

Usamos a criatividade para encontrar saídas diferentes e novas alternativas, o chamado plano B. Essa não é só uma forma de aplicar a habilidade, mas também uma necessidade humana de não parar diante de situações limitantes.

Apesar dessa inclinação para a solução de problemas, a criatividade tem sido considerada como um dom reservado a poucos. “Na verdade, algumas pessoas exercitam essa habilidade de forma espontânea, enquanto outras possuem algum tipo de bloqueio. Por isso precisam que esse talento tão latente seja lapidado”, relaciona Fátima.

Quem trabalha com desenvolvimento criativo sabe que não é um conhecimento que se ensina, mas sim um talento que pode estar bloqueado. Seguindo essa ideia, não existem professores de criatividade, mas facilitadores que ajudam a identificar e ultrapassar estes bloqueios.

“O bloqueio para o uso da imaginação é o que gera o mito da criatividade e está muito relacionado ao modo como vivemos socialmente e culturalmente”, completa a professora. Nas organizações e na sociedade existe uma baixa tolerância ao erro e à experimentação e, para ganharmos tempo na sociedade da velocidade, preferimos soluções prontas, dicas e truques, que encurtam o caminho.

Os métodos educacionais, principalmente os orientados para o trabalho, ainda valorizam o conhecimento teórico em detrimento do pensamento abstrato, da subjetividade, deixando de fomentar essa competência. 

E é por isso que a criatividade, tão necessária em momentos de transformação como o que agora vivemos, ainda é tão rara.

Destaque para as características

É muito fácil identificar um criativo que está o tempo todo colocando em uso a sua habilidade. Esse tipo de pessoa possui traços comportamentais bem característicos, que facilitam qualquer expressão criativa.

Fátima cita a primeira como sendo a do nível de julgamento. Pessoas excessivamente críticas dificilmente exercitam a criatividade, porque estão o tempo todo buscando as razões certas para as coisas, quando a criatividade na verdade envolve tentativa e erro.

Por outro lado, a curiosidade, a flexibilidade mental, o olhar do observador e não do juiz contribuem para a manifestação do talento criativo. Inclusive, por não ter a ansiedade de concluir e determinar se uma coisa é boa ou ruim, certa ou errada, um criativo tem visão mais solta, livre e leve das coisas.

Outro traço presente no criativo e mencionado pela professora é o otimismo. “Não existem pessimistas criativos porque, para o pessimista, o futuro é sempre uma sombra. Então, qual é o sentido de se usar a criatividade se eu não acredito no futuro?”

Ser otimista e esperançoso, no entanto, não significa necessariamente ser alienado. Para Fátima, uma pessoa criativa possui total contato com a realidade, mas, independentemente da dureza dos fatos, elas seguem em frente buscando rotas alternativas e novas possibilidades.

“Elas não se detêm diante dos impasses da vida, seguem evoluindo, procurando uma forma de continuar seu caminho, como a água que corre e dá a volta nos obstáculos que encontra”, reforça a professora.

O sentido de destino criativo que algumas pessoas têm traz resiliência para lidar com desafios, suportar as frustrações, entendendo e tratando tudo como natural, pois viver é aceitar que tudo está em constante transformação.

Hábitos para a criatividade

Para que a criatividade flua em boa parte das pessoas é preciso estímulo. E Fátima reforça essa necessidade como rotina do ensino regular das escolas, dentro de um aprendizado que deveria vir desde o berço.

“A criatividade sempre faz parte das nossas vidas porque ela é a saída para problemas, sejam eles solúveis, simples, altamente complexos ou, ainda, absolutamente sem solução, mas com possibilidade de gerenciamento.”

A história humana é permeada por escolhas e decisões criativas, garantindo a evolução e a sobrevivência. Nossa espécie chegou até o momento atual utilizando o máximo desse talento.

“Espero que ele continue nos ajudando para chegar no futuro também, mas, para isso, é preciso fomentar, dialogar, criar programas sobre esse tema e institui-lo como uma disciplina em todos os cursos, em qualquer área do conhecimento”, finaliza a professora.

Agora que você entendeu o mito da criatividade, que tal exercitar essa habilidade adormecida nos seus hábitos diários?

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