Em diversas conversas sobre carreira, surge a pergunta: “eu não quero ser líder e aí? Como fica minha carreira?”.
O primeiro ponto que esclareço é que no conceito moderno de carreira não existe associação da carreira com progressão vertical, isso é relativo ao conceito tradicional de carreira, que era viável em organizações grandes, previsíveis em ambientes estáveis. O conceito moderno de carreira foca na perspectiva do autor de carreira e como ele percebe suas experiências de trabalho ao longo da vida, qual sentido ele atribuiu às atividades profissionais que viveu. Logo, não importa a função ou o cargo, e sim o que ele aprendeu e quais resultados trouxe para si, para a equipe, para a organização e para o mundo.
O segundo ponto é que o fato de você não ser líder, não quer dizer que você vai “estagnar” na carreira, esse é um estereótipo bastante comum. A posição de liderança tem escopo, responsabilidades e atividades muito diferentes da posição de contribuidor individual. Nem todos tem interesse em ocupar uma posição de liderança, mas é importante respeitarmos isso. Ao passo que optamos por não ser líder e decidir continuar progredindo em seu aprendizado profissional e em sua carreira (assumindo o conceito de carreira associado ao conceito de desenvolvimento contínuo), você pode optar por uma carreira técnica.
A carreira técnica consiste no desenvolvimento profissional em uma área de expertise, sem ocupar formalmente a função de liderança de pessoas, a partir disto, pode passar a existir a gestão por influência. Esse profissional agrega valor à organização através de muito conhecimento e aplicação de conteúdos técnicos, científicos e tecnológicos que fazem a diferença internamente e para os clientes e negócio, podendo inclusive influenciar todo o setor. O profissional que opta por uma carreira técnica dedica-se continuamente ao estudo e a superar a si mesmo.
Mudando o enfoque e agora olhando a carreira técnica da perspectiva da organização, destaca-se como ponto importante deixar claro que nem todas as organizações ou funções tem a possibilidade de oferecer uma carreira técnica a seus funcionários. A carreira técnica implica em oferecer posições mais complexas, com salários mais altos e isso exige em contrapartida uma contribuição diferenciada do colaborador. Se essa complexidade não for exigida em uma função, não será possível ter a carreira técnica e a carreira fica limitada aos degraus tradicionais, geralmente, júnior, pleno e sênior.
Por exemplo, em uma grande indústria, um contador quer seguir carreira técnica. Ele já ocupa o cargo de Sênior e não há atividades mais complexas, além das que ele executa, atualmente possíveis de serem feitas naquele contexto. Nessa situação ele continua como sênior, aprendendo e desenvolvendo sua função. Agora, vamos supor, que esse contador mude para uma consultoria multinacional que presta serviços de consultoria à muitas empresas e ele se especializa na área tributária de indústrias farmacêuticas, atendendo a todos os clientes dessa empresa relacionadas à essas questões, podendo ser referência nacional no assunto. Nesse contexto, sua contribuição vai além de um sênior convencional e ele pode ocupar um cargo de especialista ou expert.
Logo, ao optar por uma carreira técnica é importante descobrir seus talentos, suas áreas de interesse e continuar estudando e pesquisando continuamente o assunto. Escolher também uma organização que valorize sua área de conhecimento é uma boa forma de ser reconhecido em termos de cargo e remuneração.
Artigo escrito por Talita Cordeiro, mentora e professora na Plataforma Solution, responsável pelo nosso curso Gestão de Carreira.
