Apesar da conveniência, empresas familiares nem sempre são sinônimo de tranquilidade. Esse modelo de negócio exige uma boa administração em momentos de crise, pois envolve assuntos profissionais e domésticos, o que pode deixar tudo mais complexo.
Divergência de ideias, especulações, ciúmes em relação à transmissão dos bens ou do comando dos negócios são apenas alguns dos motivos para que conflitos nasçam. Geralmente, os problemas desse tipo de empresa envolvem também a disputa por dinheiro e até mesmo uma relação conflituosa entre os membros da família – originada antes do início do negócio.
Além de levar o assunto a sério, é importante entender como funciona a gestão de conflitos em empresas familiares para evitar até mesmo que eles ocorram. Conforme uma família cresce, o sucesso e atritos podem tomar as mesmas proporções.
Um bom plano de ação é ter planejamentos para deixar a empresa em harmonia e saber tirar vantagem até mesmo de momentos adversos. Quer saber como? Explicamos a seguir.
Identificando problemas
Inúmeros são os motivos para que os conflitos nasçam. Portanto, é necessário observar a estrutura da empresa e seu dia a dia para identificar quais problemas, ainda que mínimos, poderão se transformar em grandes conflitos.
No entanto, é possível prever alguns tipos de situações que levam a esse cenário. Uma delas começa pela falta de diálogo, um elemento vital para a saúde das relações pessoais e, sobretudo, para a convivência dentro dos negócios.
Em empresas familiares, é comum que exista uma rivalidade entre os membros, levada pela falta de profissionalismo, nepotismo ou embate de egos. Nesse caso, o atrito ocorre quando as pessoas não são maduras o suficiente para separar assuntos pessoais dos profissionais.
Conforme o negócio envelhece, o vínculo com a tradição acaba gerando uma resistência no chefe de passar o bastão para que outra pessoa seja responsável pela administração. E além dos “ciúmes” na hora ceder o comando, o conflito de gerações produz uma relação de pouca confiança e divergência entre os pensamentos.
Outros motivos para desacordos em empresas familiares podem ocorrer quando:
- Os pais querem todos os filhos trabalhando na empresa, ainda que um ou mais não tenha interesse e/ou aptidão para o negócio;
- Alguém se sente preterido nas decisões da empresa ou trabalha mais que os outros e não é valorizado;
- Opiniões entram na empresa, mas são dadas por quem não participa dos negócios;
- Novos membros são agregados na relação empresa-família e começam a opinar ou trabalhar na empresa;
- As novas gerações desejam alterar a forma como a empresa é administrada e implantar inovações, mas são barradas pelos mais velhos;
- Parentes trabalham na empresa por causa do grau de parentesco, e não por suas competências;
- Há divergência na escolha do sucessor da empresa.
O que fazer
Entendendo e aceitando que a empresa pode passar por conflitos, é hora de saber como evitar e tirar o melhor proveitos deles, caso aconteçam. Isso começa achando um interesse que una a todos, ainda que ele seja a geração de mais renda para o negócio.
A melhora da comunicação vai preparar a família para os momentos de conflito, pois haverá mais racionalidade para conversar e disposição em ouvir opiniões antes de julgá-las.
Mais do que se comunicar, os membros de empresas familiares precisam de um acordo com regras e normas para determinar a relação entre a família, sócios e empresa. Isso deixará mais claro o papel de cada um no negócio. Neste documento deve constar as decisões que deverão ser tomadas ao longo da existência da empresa, assim como a assinatura dos familiares.
A criação de um conselho familiar ajudará nas tomadas de decisões baseadas no documento principal. Esse grupo pode ter como participantes pessoas externas à empresa, como consultores terceirizados. É importante decidir a periodicidade em que o conselho irá se reunir, sempre levando em conta os objetivos das reuniões.
As seguintes ações podem ser alternativas para a gestão de conflitos em empresas familiares e incluídas no plano de ação:
- Contratação de mediadores de conflitos, como consultores terceirizados, empresários parceiros, coaches em liderança, entre outros
- Realização de diagnósticos periódicos da origem dos conflitos
- Separar família e negócio para preservar as relações dentro e fora da empresa
- Definir o poder da família dentro do negócio
- Esclarecer atribuições e solicitar comportamento profissional dos familiares
Manter ou ignorar conflitos pode ser desgastante, ainda mais dentro de empresas familiares, que brigam por espaço em um mercado altamente competitivo e dominado por grandes marcas.
Se dinheiro, poder e família são determinantes para a geração de conflitos, os chefes precisam ser transparentes nas decisões diárias, sempre antecipando os possíveis conflitos e gerando planos para administrá-los.
É importante, ainda, pensar em um plano de sucessão, uma das maiores causa de conflito e ruptura de negócios familiares. Com isso, o administrador antecipa eventuais disputas entre as gerações e cria regras e instrumentos jurídicos que protegerão a saúde da empresa, assim como diminuir conflitos e gerenciá-los com racionalidade e profissionalismo.
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