Quando falamos em produtividade de um time, logo se pensa em indicadores como metas, conversões, vendas, lucro. Mas, será que são apenas estes dados que avaliam e medem como está a produtividade de uma equipe? Como saber se colaborador está usando todo o seu potencial em uma atividade que o engaja? Ou seja, será que as pessoas estão nos melhores lugares que podem estar?
Entrevistamos a professora Denise de Moura, consultora de talentos, e conversamos sobre como motivar times em diferentes níveis, Junior, Pleno e Sênior; os erros que devem ser evitados ao tentar melhorar a produtividade dos colaboradores; a dinâmica de uma equipe de alta performance e as atitudes que fazem parte do dia a dia da pessoa produtiva. Confira!
PS: Atualmente, o que significa ter uma equipe produtiva, com boa produtividade?
Denise: Muitos gestores e empresas acreditam que pessoas produtivas sejam aquelas que batem as metas e vencem os desafios. Entretanto, vemos muitos(as) profissionais que conseguem atender às expectativas da organização, são bem avaliados(as) por isso, mas podiam estar rendendo muito mais e/ou usando todo o seu potencial em atividades que lhe dessem uma maior satisfação ou gerasse um maior engajamento.
Por que isso acontece? Porque na maioria das organizações o(a) funcionário(a) é avaliado(a) com base no atingimento e/ou superação das metas e nos indicadores sem, contudo, analisar se suas competências estão, de fato, sendo bem utilizadas.
Uma equipe de alta performance, por exemplo, se forma e se mantem com a complementariedade de competências entre as pessoas que usam suas habilidades e conhecimentos em atividades que realmente façam sentido para elas. O ponto forte de um(a) integrante da equipe complementa o gap do(a) outro(a) e vice-versa. A EQUIPE COMO UM TODO está sempre buscando a superação dos desafios e o alcance da excelência, perguntando constantemente sobre novas formas de realizar um trabalho. Mas para chegar neste ponto, elas precisar usar grande parte das suas habilidades nas atividades que realizam.
PS: Como se mede a produtividade de uma equipe?
Denise: Uma liderança deve fazer constantemente um diagnóstico em sua equipe, buscando compreender, independente das metas que estejam sendo alcançadas, se as pessoas estão no lugar certo, utilizando todo o seu potencial. Para isso, sugiro às lideranças que façam às suas equipes, sistematicamente, algumas perguntas:
- As suas atividades trazem um sentido/significado a você?
- O que você gostaria de continuar fazendo?
- O que você percebe que pode delegar ou prefere que a outra pessoa faça, pois poderia fazer melhor?
- Há outras atividades que você gostaria de conhecer?
- Você está usando toda a sua potencialidade nesta tarefa?
Outro ponto importante com relação à medição das equipes é que geralmente se trabalha com indicadores de produção, voltados às entregas de produtos e serviços ou indicadores de resultados, ligados às metas como vendas, recompra, lucros. Poucas empresas trabalham com indicadores causais, isto é, o que realmente impacta nos indicadores de produção e de resultados.
Por exemplo, um(a) profissional que não compactua com os valores da organização em que atua e não está alinhado(a) com a missão ou com o propósito da empresa, dificilmente conseguirá atingir uma alta produtividade.
O autor Richard Barrett traz uma sugestão em seu livro ‘Organização dirigida por Valores’, sobre como fazer esta medicação.
PS: Quais são os principais erros que devem ser evitados quando queremos aumentar a produtividade da equipe / o que não fazer?
Denise: Todos nós escutamos que precisamos de desafios para nos manter engajados. Esta é uma verdade. Entretanto, não adianta prover um(a) profissional de inúmeros desafios para que ele(a) aumente as suas potencialidades, se ele(a) não recebe capacitação para tal. Até mesmo equipes de alto desempenho se capacitam constantemente, buscando superar os seus próprios desafios e aumentar a sua produtividade.
Vamos levar para o mundo dos esportes. Um corredor de 5km que deseja correr uma maratona de 43km no final do ano, não vai conseguir atingir tal desafio se apenas correr um quilômetro a mais todos os dias (que seria o desafio diário). Não é assim que se ganha produtividade, nem se aumenta uma potencialidade.
Ele precisará se capacitar continuamente, alterando sua alimentação, suas horas de descanso, fazendo alongamentos, musculação e outros exercícios complementares que o ajudem nesta jornada.
O aumento da produtividade envolve capacitação e desafios. Quando ambos estão em equilíbrio, há o aumento da autoconfiança e da autoeficácia, que é a crença que temos de que conseguiremos resolver um problema, vencer um obstáculo ou realizar algo com sucesso.
Profissionais com muitos desafios sem capacitação, vivem estressados, sobrecarregados, ansiosos. Profissionais com muita capacitação sem desafios, estão acomodados, desmotivados e não compreendem o impacto do seu trabalho no resultado da equipe e da organização.
Importante frisar também que jogar muita pressão na equipe não a deixará mais produtiva ou engajada. Pelo contrário: quando os profissionais se deparam com pressões diárias, tendem a ficar cansados, estressados e inseguros, pontos esses contrários à produtividade.
PS: Quais são as principais rotinas de produtividade para uma equipe de alta performance?
Denise: Gosto de dizer que pessoas produtivas são boas negociadoras e conhecem suas prioridades, além de serem curiosas e se questionarem constantemente se podem fazer melhor, e de forma mais otimizada, um trabalho.
O feedback vem sempre delas mesmas, não do outro. E aqui, devemos separar as pessoas que têm comportamentos autossabotadores, daquelas que buscam sempre o seu aprimoramento. No caso das primeiras, elas dificilmente conseguem ser felizes com suas conquistas, pois a autossabotagem ou a síndrome do impostor as impede. No caso das segundas, são pessoas que estão em busca constante de aumentar a sua performance em tudo o que fazem e, então, se capacitam continuamente, mas celebram suas conquistas sempre.
Assim, elas seguem ROTINAS específicas, como:
1. Tem planejamento e clareza do que precisam fazer;
2. Tem autodisciplina;
3. Fazem muito bem o seu gerenciamento do tempo, entendendo que precisam descansar, ter um tempo para os amigos e para a família, se alimentar bem, fazer ginástica, se quiserem ser mais produtivas;
4. Sabem priorizar o que é realmente importante para elas, neste sentido, tem facilidade para dizer não e delegar o que não lhes cabe;
5. Aprendem com os erros e os utilizam como uma força propulsora para um novo desafio;
6. Estudam constantemente, pois são curiosas e questionadoras. Em equipes, costumam fazer a seguinte pergunta aos seus pares e superiores: “Você tem alguma sugestão de como melhorar o meu projeto ou uma ideia alternativa que eu deva considerar? São maduras o suficiente para se questionarem sistematicamente.
E, principal…
7. Comemoram cada conquista, pois entendem que isso as levam a um outro patamar.
PS: Há diferenças em como manter a boa produtividade em times Júnior, Pleno e Sênior? Poderia citar exemplos em cada um deles?
Denise: Acredito que o que muda é o nível de responsabilidade, dentro de uma organização, quando falamos em times Júnior, Pleno e Sênior. Entretanto, não é porque um(a) profissional está em um cargo Júnior, que não possa ter desafios ou aprimorar suas potencialidades constantemente.
As pesquisas atuais, focadas no mercado de trabalho, apontam para a dificuldade de se reter talentos dentro das organizações. Dar desafios, proporcionar um plano de carreira adequado, capacitar constantemente estagiários e trainees, por exemplo, pode ajudar as organizações a montarem o seu banco de talentos internos.
No que tange à produtividade e tomando como exemplo uma competência específica que vem sendo debatida bastante nos últimos anos, a “Resolução de problemas”, deixo aqui como manter a produtividade dos times:
No caso do time Júnior, se dessas pessoas for exigido que resolvam problemas simples e/ou direcione questões complexas aos setores competentes, é fundamental provê-las de capacitação contínua, dando alguns desafios que as façam avançar periodicamente. Quando começam a ganhar confiança e entendem que conseguem solucionar alguns problemas dentro da organização em que atuam, sua produtividade e engajamento podem aumentar.
Por outro lado, se nesta mesma competência, ao time Pleno, for exigido que proponha alternativas rápidas para solucionar com autonomia uma adversidade específica, eles precisarão, para serem mais produtivos, receber delegação e ter realmente autonomia para resolver um problema do cliente, por exemplo. Se a liderança não proporcionar este ambiente, dificilmente conseguirão aumentar as suas potencialidades.
Por outro lado, se nesta competência, couber ao time Sênior o desenvolvimento de formas rápidas e eficazes para resolver problemas complexos, eles precisarão, além de autonomia, poder de tomada de decisão e capacitação constante, montar grupos multidisciplinares e/ou comunidades de práticas para pensarem formas diferentes e inovadoras de tratar questões e adversidades. Ao trocar informações e experiências com outros grupos, a produtividade e o desempenho podem ser catalisados.
Claro que isto não quer dizer que os times juniores também não precisem desta troca. Claro que precisam, mas o que muda são as responsabilidades inerentes a cada um, de forma que a cada desafio, os times possam avançar e se sentir confiantes.
Em resumo, tanto para os times juniores, plenos e seniores, ter desafios, capacitação, um grau de autonomia e tomada de decisão podem contribuir para aumentar a produtividade.
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PS: Qual o papel da produtividade em uma equipe de alta performance?
Denise: Entendendo que uma equipe de alta performance é composta por profissionais com habilidades complementares que atuam de forma colaborativa, inovam e geram resultados superiores de forma consistente. Além disso, estão sempre em busca da superação dos desafios e alcance de excelência, indagando sobre novas formas de realizar um trabalho, ou seja, a produtividade representa uma espécie de régua ou direcionamento, que ajuda a entender como eles estão indo, se há a necessidade de ajustes, novas capacitações, requalificação ou aprimoramento das habilidades que já possuem.
Além disso, eles conseguem analisar constantemente se as habilidades complementares da equipe de fato estão trazendo resultados, porque o grande ganho das equipes de alta performance é a diversidade – pessoas diversas, com habilidades diversas que, juntas, se complementam para o atingimento de resultados extraordinários e que contribui para a superação das metas.
Vale frisar que a liderança, neste tipo de equipe, deve ser uma facilitadora, apoiando e engajando a equipe sempre que necessário e propiciando um ambiente de troca, comunicação transparente e diálogo franco.
Gestão de equipes de alta performance
Se você tem interesse em se aprofundar no assunto, conheça o curso “Gestão de Equipes de Alta Performance” da Plataforma Solution, ministrado pela professora Denise.
O curso online tem duração total de 7 horas e, em três módulos, você vai aprender como formar e manter uma equipe de alta performance, e como gerenciar conflitos e desempenhos.
Este é mais um dos diversos cursos que fazem parte da assinatura Solution Plus e Solution for Business, o streaming de cursos para o seu desenvolvimento e da sua equipe.
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