Pessoas tóxicas são aquelas que fazem mal ao outro por gestos, palavras ou ações. Elas costumam enfatizar somente os pontos fracos de um indivíduo, humilhando-o e deixando-o muito infeliz.
Profissionais que precisam conviver com pessoas tóxicas no trabalho, muitas vezes ficam tão envolvidos nas toxinas que os cercam, que não conseguem fazer um bom trabalho nem se concentram nas atividades diárias que precisam realizar. Com o tempo, sintomas físicos (dor nas costas, na cabeça, no estômago) e/ou emocionais (ansiedade, depressão, pânico) começam a aparecer.
Imagine então conviver com um gestor tóxico? Primeiro vamos identificá-lo. Suas ações são muito claras:
- Supervisão abusiva (é agressivo, autoritário, arrogante, faz ameaças, humilha os seus liderados, exige que o trabalho seja refeito várias vezes sem nenhum fundamento);
- Discurso diferente da prática. O famoso “porta abertas”. A porta dele está sempre aberta, mas ele não consegue escutar nenhuma opinião diferente da dele;
- Falta de competência para gerenciar pessoas, e assim, a equipe acaba obedecendo as suas “ordens” e não respeitando;
- Pressão por resultados, muitas vezes de forma ameaçadora e ríspida;
- Dificuldade de dar crédito e feedback aos seus subordinados;
- Dificuldade de comunicação sobre o que realmente deseja como resultado.
Se o funcionário chega a casa muito estressado dizendo “o meu chefe me deixou estressado”; ou “o meu chefe me fez chorar”, provavelmente não soube lidar com tal situação, colocando poder na outra pessoa de lhe fazer mal.
Nestes casos específicos, é fundamental tomar algumas ações. Muitos pensariam em pedir demissão da empresa e do seu chefe, como acontece bastante, mas há outras saídas.
Se você gosta da empresa em que trabalha, das atividades que realiza e dos colegas com quem convive, não faz sentido pedir demissão do seu chefe. Esgote as possibilidades de resolução antes de tomar uma decisão radical. Quer saber como? Seguem algumas orientações:
- Mude a sua postura. Você não consegue mudar as atitudes das outras pessoas, mas a sua mudança de comportamento poderá gerar a mudança de atitude do outro. Ter uma atitude passiva perante uma situação tóxica, aceitando todas as humilhações, não resolverá o problema. Mesmo sendo o seu superior hierárquico, ele precisa saber que respeito é o princípio básico de qualquer convivência. Ele não precisa gostar de você, mas respeitá-lo é fundamental. Ao invés de dizer a ele: “você me faz mal”; mostre como se sente quando ele grita com você dizendo: “Eu me sinto desrespeitado com esta situação. Gostaria de resolver esta questão específica”;
- Em uma avaliação de desempenho, por exemplo, se ele costuma atribuir a você notas muito baixas sem explicação alguma – apenas por questões pessoais – será necessário aprender a negociar. Primeiramente mostre com dados e fatos (elogios de clientes ou colegas, por exemplo) que a nota dada a alguma competência não está correta. Caso ele pareça irredutível, peça ajuda. Diga: “Por favor, gostaria então da sua ajuda para melhorar o meu desempenho. Quais competências você acredita que preciso aprimorar?” Ao fazer isso, o funcionário coloca o gestor como corresponsável para resolver uma questão que ele próprio criou;
- O seu gestor não lhe passa nenhum desafio que possa expandir as suas potencialidades, mas costuma sobrecarregar o seu colega com novos trabalhos? Seja proativo. Vá até ele e diga que gostaria de participar de novos projetos e que se sente capaz de colaborar mais. Ficar apenas no campo da reclamação não resolverá a questão.
O mais importante é tentar algumas soluções para resolver o problema. Se você não fizer nada, o problema poderá se agravar e o tempo, infelizmente, não resolve.
Os relacionamentos entre gestores e subordinados têm sofrido mudanças. Hoje um funcionário já tem certa abertura para, por exemplo, dar um feedback ao seu gestor, mas é importante analisar a forma como isto será feito.
Além disso, é fundamental que as empresas e a área de recursos humanos fiquem atentas aos gestores tóxicos. Um chefe que humilha, ameaça e grita com seus funcionários pode até dar resultado em curto prazo, mas, em médio prazo, as pessoas estarão confusas, com medo e não conseguirão responder ao que se espera.
Quem perde com tudo isso é a própria empresa, sobretudo quanto à imagem e reputação. Não pode ou pelo menos não deveria haver mais espaço nas empresas para uma liderança tóxica.
O papel de uma liderança é transformar pessoas; é contribuir para que o seu liderado cresça e se torne um profissional excelente.
Denise Moura é especialista em Gestão de Pessoas e professora do curso Liderança e Líder coach da Plataforma Solution.