O fechamento de contratos de arrendamento de terras é comum e traz algumas vantagens, tanto para quem produz quanto para quem cede as terras. Conhecido também como parceria, o arrendamento se torna uma alternativa viável para a produção na pecuária e agricultura.
Excelente para o cultivo de cana, o sistema é utilizado desde o tempo de expansão romana, participando de regimes agrários de muitos países. Ao ser fechado por ciclo produtivo, o contrato assegura a receita e possibilita colher a cana através de vários cortes, sem a necessidade de renovação constante do canavial.
Assim que firmada uma parceria, parte da produção deverá ser comprometida para o pagamento do aluguel. “Produzindo 90 toneladas, o produtor poderá destinar 20 toneladas para o pagamento desse aluguel”, exemplifica o professor do curso de Gestão de Custos Sucroenergéticos da Plataforma Solution, João Rosa.
Cultivo
Calculando todos os custos com cultivo, e levando em conta a produtividade, o agricultor deverá sempre incluir nas contas o pagamento do arrendamento. Rosa comenta que, em um descuido, é possível que após a colheita os saldos não sejam capazes de cobrir a despesas, impossibilitando lucros.
“O que acontece é que às vezes são feitos contratos de arrendamento e, no final, a conta não fecha. Para uma parceria é preciso ter alta produtividade e bons retornos”. Mas ele informa que o fato é muito variável, conforme a área em que o produtor se instala. Em locais com maior concentração de usinas, haverá maior demanda por matéria prima. Então, geralmente, a competição nesses locais será maior e o valor de aluguel também.
Nesses casos, o agricultor precisará sempre observar o preço do mercado em relação aos arrendamentos. Somente desta forma ele poderá colocar as contas em dia. Isso levando em consideração o valor da parceria, que gira em torno de 19 toneladas por hectare alugado atualmente.
Cautelas necessárias
O conselho de Rosa é que, ao fazer o contrato, haja um planejamento e expectativa de produção para ponderar o alcance dos lucros. Segundo ele, muitos perguntam até que ponto pode compensar um aluguel, mas isso irá depender de alguns fatores.
“Se pensarmos em uma sala comercial de 5 mil reais, pode parecer cara, mas tem que se levar em conta sua localização, a natureza do negócio e o avanço dele. O mesmo vale para uma terra. Não posso entrar em algo que eu sei que não faz parte da minha realidade”, ilustra.
Para a pessoa que está arrendando, ou seja, o proprietário da terra, o negócio de parceria é vantajoso, pois gera uma renda fixa. Na outra via, o produtor lida com variabilidades e fatos inesperados, como uma safra que não foi tão boa quanto as previsões.
Ao enfrentar uma produção abaixo do esperado, o valor de retorno cai, mas não altera o valor acordado do aluguel, que permanece o mesmo. Fazendo um exercício de gestão, o professor explica que é possível saber o quanto vale a pena fechar o arrendamento.
Gestão humana
Saber o que é um arrendamento, ou se ele é vantajoso, não deve ser a única preocupação do agricultor. Para Rosa, a principal carência do produtor não são técnicas, mas gestão, principalmente quando se refere ao valor da safra por fluxo de caixa.
“Se a safra está azul, ele acredita estar bem, quando na verdade o patrimônio dele pode estar sendo corroído. Isso porque, lá no começo, não foi considerado custo de capital ou outros”, explica.
Por muitos anos, o cultivo da cana permaneceu da mesma forma. Hoje, com o fenômeno da sucessão familiar, muito dos processos tradicionais de plantio passaram por inversão.
O professor comenta que a “velha guarda” sempre foi guiada pelo “cheiro” e sensações. Já as novas gerações de produtores, que têm uma formação melhor e muitas vezes fazem uma faculdade para adquirir conhecimento técnico, entendem mais das técnicas de administração. “Eles possuem uma ideia melhor sobre o que é um fluxo de caixa, o que é fórmula de VPL (valor presente líquido). Eles vão tentar incorporar isso na produção.”
Nesse sentido, Rosa explica que pode existir um choque entre as gerações, mas que o processo de sucessão garante avanços, uma vez que aos poucos os conceitos de administração sejam adotados e incorporados na produção. “Lógico que o agricultor controlar seus custos não é unanimidade. A maioria já adota essas práticas de gestão mais eficiente com êxito há tempos”, finaliza.
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